sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Nascemos Vila do Braço do Sul

A sede do município nem sempre teve o nome pelo qual a conhecemos hoje: Marechal Floriano. Quando foi fundada, chamava-se Colônia Nacional do Braço do Sul, em homenagem ao Rio Jucu Braço do Sul, pelo qual é cortada. Isso foi bem lá atrás, no ano de 1862, quando o Brasil ainda vivia o Período Imperial (1822 - 1889) e o imperador era D. Pedro II. 

Vista da Vila do Braço do Sul em 1917, pintada pelo artista plástico Ricardo.
55 anos após a sua criação, ainda era uma pequena vila.

Ligada à Colônia de Santa Isabel, que então fazia parte de Viana, a vila passa a existir oficialmente a partir do Aviso  de 22 de outubro de 1862, através do qual o então Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Coronel e Engenheiro Pedro de Alcântara Bellegarde, dá conta da inauguração da Vila do Braço do Sul.

Mas antes desse anúncio oficial, muito trabalho de reconhecimento da área já havia sido realizado por aqui. O agrimensor Hermann Steinkopf, prussiano, contratado pelo diretor da Colônia de Santa Isabel, Adalberto Jahn, já havia medido os lotes do lado esquerdo do rio (sentido Vitória-Minas) e convencido o chefe de que o lugar, às margens do Rio Braço do Sul, era o ideal para se promover a ampliação da colônia, já que os descendentes dos imigrantes pioneiros (e também de brasileiros residentes) necessitavam de terras para se estabelecer.

Convencido, portanto, por Steinkopf, Jahn solicita às esferas superiores no Império, e é atendido, em 1862, com a contratação, por ordem do Ministro da Agricultura, Manoel Felizardo de Souza e Mello, de um engenheiro para medir mais lotes na Vila do Braço do Sul. O engenheiro enviado foi Pedro Cláudio Soído, vindo para mediar mais 100 lotes, a maioria no lado direito (sentido Vitória - Minas) e 35 no lado esquerdo. Essa maioria dos lotes medidos, assim, compreende o território que vai desde o bairro Ponto Alto (ou Alto Marechal), passando por Soído de Baixo, até chegar a Nova Almeida.  

Mapa da Colônia de Santa Isabel já com os lotes
medidos pelo Engenheiro Pedro Cláudio Soído (APEES)

Os primeiros moradores da vila foram, de todo modo, esses descendentes dos pioneiros, não havendo muitos registros sobre a exata data de sua chegada. Consta, entretanto, nos registros da Igreja Luterana de Campinho, o nascimento de Gustav Fischer na Vila, em 21 de março de 1861, mais de um ano antes da sua inauguração oficial. Ocupação de fato, porém, só ocorre a partir de 1862, quando chegam 99 indivíduos, sendo em parte imigrantes e em parte membros de 10 famílias nacionais. 

Ao que tudo indica, boa parte desses novos moradores que eram imigrantes pertencem àquela leva chegada ao Porto de Vitória a bordo do navio A. Borsing, em 10 de junho de 1859, proveniente da Antuérpia, nos Países Baixos. A história dessa viagem merece, não obstante, uma consideração à parte, por que originalmente partira da Europa em direção aos Estados Unidos mas, ao chegar à Ilhas portuguesas da Madeira, teve sua rota misteriosamente alterada, tomando um novo rumo e direcionando-se à costa capixaba.

As famílias que chegaram à Vila do Braço do Sul em 1862, nessa, por assim dizer, "Segunda Leva", foram Kieffer, Krehbiel, Seibel, Knuetell, Bardes, Ewald, Köhler, Waltere, Eberling e Groskopf. Antes delas, já haviam chegado as famílias Balzer, Berg, Damm, Dietze, Fischer,, Herbst, Hertel, Hoffmann, Hüber, Hülle, Klippel, Kloos, Koehler, Kröhling, Littig, Mees, Moebius, Müller, Raas, Rasch, Roos, Rupf, Saiter, Shulz, Schunk e Uhl.

O casal Emil Rupf (26/06/1866) e Johann e Therese Kuster (08/05/1863) é um exemplo de brasileiros nascidos na Vila do Braço do Sul. Na foto, Emil e Johanne (à frente) com sua prole.

Fato que merece registro, mas que aparece às vezes de maneira bastante ofuscada nos relatos, é a participação dos nacionais no processo de ocupação territorial da Vila do Braço do Sul. Mas as famílias Almeida, Bandeira, Coelho, Correia, Deodato, Felisberto, Ferreira, Marques, Martins, Nascimento, Neves, Penha, Pereira, Pinto, Santana, Fernandes Reis, Coutinho Rangel e Vitória, também participaram desse processo, assim como os filhos e netos dos colonizadores germânicos do núcleo original de Santa Isabel, como os membros das famílias Schneider, Velten, Gerhardt, Hand, Hehr, Christ e Stein.


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